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O fornecimento de energia elétrica, realizado pela Enel, tem se tornado um problema crônico no Cariri, com interrupções cada vez mais frequentes. Em cidades como Crato, Juazeiro do Norte, Barbalha, Campos Sales, Tarrafas e Lavras da Mangabeira, moradores relatam noites mal dormidas e desconforto em meio à onda de calor na região. Além do incômodo, os prejuízos financeiros começam a se avolumar nos negócios que dependem de eletricidade para suas atividades comerciais.
Restaurantes, lojas e empresas relatam perdas significativas, devido às interrupções inesperadas. “A renda da minha família depende do que vendo aqui na lanchonete. O prejuízo é ainda maior porque muitos produtos se estragam, já que não tem energia”, lamenta o empresário cratense Marcelo Ferreira. A jornalista Valéria Alves, que teve bebê recentemente, precisou sair de casa para outro lugar com energia elétrica. “Porque tenho uma criança com menos de quatro meses. E perdi leite materno, que seria doado ao Banco de Leite do Hospital São Lucas”, detalha.
O estudante Lucas Mateus narra que as quedas de energia, no bairro Betolândia, começaram em meados de setembro e se intensificaram no mês seguinte. “Em outubro, começou a acontecer com muita frequência, praticamente toda semana por volta das 21h. Houve uma noite que cheguei a contar cinco quedas de energia”, comenta. O estudante afirma que vizinhos tentaram, sem sucesso, contatar a Enel. “Uma mulher ligou e já estava há mais de uma hora esperando ser atendida e sem respostas. Por isso, vi que nem adiantava que eu tentasse também”, lamentou. Em uma escola do Crato, a diretora Sophia Brito precisou suspender as atividades, por duas vezes, devido a queda no fornecimento de energia elétrica e ao calor que afetava professores e crianças. Os professores passavam mal e os alunos choravam, conta.
Em busca de soluções
Na semana passada, a Câmara Municipal de Juazeiro do Norte enviou denúncias ao Ministério Público do Ceará, sobre as quedas no fornecimento de energia em bairros como Aeroporto, Conviver, Tenente Coelho, Vila Nova, Betolândia e Jardim Gonzaga. O Programa Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor, Decon, foi convocado a depor na CPI instalada na Assembleia Legislativa do Ceará, para apurar denúncias e queixas contra a Enel.
O órgão registra crescimento de queixas recebidas contra a companhia. Foram quase 15 mil registros de 2007 a 2022. “Os indicadores figuram entre os piores de todas as concessionárias do país, o número de reclamações aumenta a cada ano, a Enel não se mostra capaz e hábil para resolver essas demandas”, comenta o secretário-executivo do Decon, Hugo Xerez.
Presidente da CPI, o deputado Fernando Santana (PT) revelou que a Enel deverá prestar esclarecimentos à comissão em breve. “Ao meu ver, ela só quer levar o dinheiro suado do povo cearense, o lucro, e devolve desrespeito e uma má prestação de serviços”, analisa. O parlamentar ainda ironizou um anúncio de investimentos. “A Enel, agora, decidiu investir, mas investir em publicidade. Eu quero que ela passe para nós onde foi que ela investiu esses R$ 5 bilhões”.
Enel responde
Em nota, a Enel Ceará disse ter registrado “avanços expressivos nos índices de qualidade medidos pela agência reguladora do setor elétrico”. Sobre interrupções do serviço na região, a empresa mencionou enviar equipe técnica aos locais com queixas para averiguação e reparos. “A distribuidora acrescenta ainda que a situação já foi normalizada na região, pela substituição de aparelhos, e que preza por garantir o fornecimento de energia seguro para a população”, diz.
Fonte: Jornal do Cariri
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