O aumento de casos positivos de Covid-19 no Ceará nas últimas semanas chama a atenção. Em um mês, o Ceará teve mais de mil novos casos da doença. No entanto, as altas e baixas da circulação do vírus devem seguir, mesmo com a vacinação. É o que avalia a epidemiologista Caroline Florêncio, doutora em saúde coletiva.
“Com ou sem vacina agora manteremos esse cenário de períodos mais intensos de circulação e momentos de baixa”, declarou Caroline. “Os vírus respiratórios têm comportamento sazonal por conta dessas características: não causar imunidade duradoura e serem bastante mutáveis, gerando subvariantes”, complementou a especialista.
Dados da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) mostraram que houve um aumento no número de casos da doença entre os dias 19 e 25 de novembro deste ano, com 716 pessoas diagnosticadas com a infecção. Na semana anterior (12 a 18 de novembro), houve 247 registros. Os dados refletem o resultado de testes rápidos e de exames RT-PCR realizados em todo o território cearense.
“Depois que um vírus como o SARS-cov2 se torna endêmico ele não vai mais sumir, teremos que conviver com ele”, explicou Caroline.
De 19 a 25 de novembro, o Laboratório Central de Saúde Pública do Ceará (Lacen) realizou 577 testes RT-PCR para Covid-19. O índice de positividade verificado foi de 21,3%, com 156 casos confirmados.
O secretário executivo de Vigilância em Saúde da Sesa, Antonio Silva Lima Neto, avaliou que o acréscimo pode estar relacionado à circulação da EG.5 (variante Eris).
“É capaz de driblar a memória imunológica e provocar infecção respiratória ou síndrome gripal. Esse é o cenário que provavelmente está se configurando ao longo do mês de novembro”, explicou o secretário.
Ainda de acordo com o gestor, a Sesa está monitorando o cenário epidemiológico, que, até o momento, apresenta um impacto moderado sobre a rede assistencial.
Festas de fim de ano
O aumento da circulação de Covid ganha um fator a mais de preocupação com a proximidade das festividades de fim de ano, como natal e réveillon. Contudo, a epidemiologista Caroline Florêncio tranquilizou sobre casos mais graves.
“Não adianta falar em prevenção e dizer que não façam [as festas] porque isso não ocorrerá. As pessoas também precisam de saúde mental. Os casos de óbito são poucos e em pessoas que já apresentam risco acumulado de óbito, mesmo que por outras doenças infecciosas”, disse a doutora.
Para ela, a necessidade de medidas restritivas, como evitar aglomerações, é necessário quando se trata da circulação de uma variante de preocupação. “A que está circulando atualmente aqui no estado é a subvariante da subvariante Ômicron e também foi identificada a Eris”, explicou.
Prevenção contra a Covid-19
Sobre a vacinação, Caroline reforçou que o imunizante não previne contra infecção. “Ou seja, continuaremos a ‘pegar' o vírus e ficar doentes. Essa estratégia é para impedir casos graves nos grupos de risco (obesos, idosos)”, explicou.
“Os anticorpos tanto gerados pela infecção natural como pela vacina possuem uma vida útil muito curta. Então é como se ficássemos expostos novamente ao agente viral”, complementou.
No entanto, o Governo do Ceará destacou que a principal forma de salvar vidas contra a Covid-19 é a atualização do esquema vacinal, que garante proteção contra as novas variantes.
“A última atualização da vacina, com a bivalente, induz a produção de anticorpos capazes de neutralizar com mais eficiência a transmissão do vírus, uma vez que incorpora as novas variantes da doença predominantes no Brasil e em todo o mundo”, explica Antonio Lima.
O secretário comentou ainda que o estado tem vacinas e testes para garantir a proteção e diagnóstico da doença. “O abastecimento de testes e vacinas contra a Covid-19 está regularizado em todo o Ceará”, garantiu.
Atualmente, a vacina é indicada contra a doença a partir dos seis meses de vida para toda a população. O esquema vacinal varia conforme a faixa etária. Os imunizantes estão disponíveis nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e nos Vapt Vupt, mediante agendamento.
Para ter acesso, é preciso apresentar documentos originais de identidade com foto e, se possível, comprovante de vacinação anterior.
Em caso de sintomas gripais, as pessoas podem procurar um atendimento médico e realizar o teste quando houver recomendação do profissional de saúde. “As medidas de prevenção não devem ser negligenciadas. Apesar da flexibilização do uso de máscaras, o equipamento de proteção continua sendo recomendado”, explicou o representante estadual.
Fonte: g1 CE
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