FOTO: José Leomar |
A elevação do nível do mar em Fortaleza pode chegar até 65 centímetros até o ano de 2099, conforme mapas da plataforma Human Climate Horizons, desenvolvida pelo Programa da ONU para o Desenvolvimento (PNUD) e a organização Climate Impact Lab. Projeções também mostram que cidades cearenses terão mais dias no ano com temperaturas acima dos 35ºC nas próximas décadas.
Os dados, divulgados em novembro deste ano, trazem projeções até o fim deste século, com resultados que dependem dos níveis de emissões de gases poluentes, considerando como “emissões intermediárias” a situação do planeta caso mantenha o ritmo atual de emissões.
A plataforma aponta a diferença dos níveis de emissões de gases poluentes:
Nível baixo de emissões: cenário em que os países conseguem reduzir as emissões, resultando na elevação da temperatura global abaixo de 2ºC em comparação com a era pré-industrial (1850-1900).
Nível intermediário de emissões: cenário em que os países seguem as políticas e práticas atuais, resultando em uma elevação da temperatura global estimada em 2,7ºC até 2100.
Nível muito alto de emissões: cenário em que o volume de emissões continue crescendo no ritmo do que foi observado na primeira década deste século. Neste caso, a elevação da temperatura global é estimada em 4,4ºC até 2100.
Mesmo no melhor cenário, caso o planeta consiga chegar a um nível baixo de emissões de gases poluentes, a projeção é que o nível do mar se eleve em 40 centímetros até o fim do século.
Por outro lado, a projeção para os níveis altos de emissões mostram que 0,22% do território de Fortaleza ficará abaixo do nível do mar até 2100.
Conforme o Climate Impact Lab, o aumento do nível do mar nos últimos 20 anos resultou em 14 milhões de pessoas em todo o mundo passando a viver em áreas com maior risco de inundações. Se as emissões de gases não mudarem, a estimativa é que este problema fique cinco vezes pior até 2099.
O mapa mostra resultados para mais de 24 mil regiões de impacto em todo o mundo. Os impactos previstos no Ceará seguem resultados bem próximos até a metade do século, entre os anos de 2040 a 2059. As diferenças maiores estão na segunda metade do século, mostrando danos mais graves se não houver medidas efetivas para tentar atenuar fatores que levam às mudanças climáticas.
No entanto, os impactos do avanço do mar no Ceará são percebidos no presente. As dinâmicas locais, como a ocupação desordenada da região costeira, se unem aos indicadores globais de elevação do nível do mar. Esta combinação já deixa marcas em vários pontos do litoral, como na Praia do Icaraí, em Caucaia, na Sabiaguaba, em Fortaleza, e nas praias de Icapuí.
Em Icaraí de Amontada, o cemitério São Serafim fica na areia da praia e é um dos marcos para perceber o avanço do mar. Guardando lendas e rituais de povos tradicionais da região, os túmulos do cemitério têm sido engolidos pelas águas nos últimos anos.
Mais dias de altas temperaturas
Os moradores do Ceará enfrentarão uma quantidade maior de dias com temperaturas acima dos 35ºC nos próximos anos. Em Fortaleza, a média pode ser de 22 dias por ano com esse registro a partir de 2080, mostra a plataforma Human Climate Horizons.
Para as temperaturas, o estudo mostra dois cenários: nível moderado e nível alto de emissões. Não há perspectiva de alívio no Ceará: todas as simulações mostram que as temperaturas vão subir.
A diferença está na intensidade. Se as emissões continuarem como agora, Fortaleza terá uma média de 22 dias com registros acima de 35ºC por ano até o fim do século. Esta média sobe para 161 dias no cenário de altas emissões de gases.
Os novos dados ilustram como as mudanças climáticas devem influenciar as temperaturas e os seus impactos na mortalidade, no uso de energia e na capacidade de trabalho em 24 mil regiões de todo o mundo.
É possível também ver os dados para o Brasil, que terá 41 dias com temperaturas acima dos 35ºC até o fim do século com o nível moderado de emissões. No nível de altas emissões, este número de dias subiria para 98 dias.
Outras cidades cearenses que aparecem na plataforma seguem a mesma tendência de Fortaleza. Um exemplo é Acopiara, no Centro-Sul do estado.
Com o nível moderado de emissões de gases, a cidade terá 160 dias de temperaturas acima dos 35ºC no fim do século. No nível alto, Acopiara passaria mais de oito meses nessa condição, com média de 265 dias.
Confira outras cidades cearenses que aparecem na plataforma Human Climate Horizons:
Russas: 182 dias com temperaturas acima de 35ºC no fim do século no nível moderado de emissões e 257 dias no nível alto de emissões.
Boa Viagem: 142 dias com temperaturas acima de 35ºC no fim do século no nível moderado de emissões e 245 dias no nível alto de emissões.
Sobral: 140 dias com temperaturas acima de 35ºC no fim do século no nível moderado de emissões e 214 dias no nível alto de emissões.
Irauçuba: 111 dias com temperaturas acima de 35ºC no fim do século no nível moderado de emissões e 205 dias no nível alto de emissões.
São Luís do Curu: 79 dias com temperaturas acima de 35ºC no fim do século no nível moderado de emissões e 194 dias no nível alto de emissões.
As mudanças estimadas também são expressas na elevação da temperatura média anual. No Brasil, a temperatura média anual aparece com o valor histórico de 23,2ºC.
Até 2100, esta média pode chegar a 25,1ºC caso as emissões de gases fiquem nos níveis atuais. No pior dos cenários, com altas emissões, a temperatura média anual do país deve chegar a 26,9ºC.
Fonte: g1 CE
Nenhum comentário:
Postar um comentário