sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

15% dos domicílios do Ceará não têm coleta de lixo, e os resíduos são queimados em 391 mil moradias


Em todo o Ceará, mais de 1,3 milhão de pessoas moram em 438 mil domicílios sem coleta direta ou indireta de lixo. Com isso, outras soluções são encontradas para destinar os resíduos. Na maioria dos casos, a alternativa é queimar o lixo domiciliar na propriedade. É isso que mostram os novos dados do Censo Demográfico 2022 sobre as características dos domicílios, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (23 de fevereiro de 2024).


Essa é a realidade da maioria dos domicílios de Choró, localizado na microrregião do Sertão de Quixeramobim. Na cidade, 2.887 residências não contam com coleta de lixo, e o resíduo é queimado em 2.693 (93%) delas. Ao todo, os domicílios onde essa prática é realizada contam com cerca de 8,1 mil moradores.


Por outro lado, aproximadamente 3,4 mil pessoas moram nos 1.110 domicílios de Choró contemplados com a coleta, seja por serviço de limpeza (561) ou por depósito em caçamba de serviço de limpeza (549).


Em outras 7 cidades do Estado, pelo menos metade dos domicílios também não conta com coleta de lixo. Estão nessa lista: Salitre, Quixelô, Viçosa do Ceará, Independência, Ibaretama, Amontada e Granja.


Em Quixelô e Salitre, assim como ocorre em Choró, mais da metade de todos os domicílios particulares permanentes ocupados recorrem à queima de lixo.


Outras finalidades encontradas para o lixo que não é coletado são “enterrado na propriedade”, “jogado em terreno baldio, encosta ou área pública” e “outro destino”. No Ceará, essas alternativas são menos utilizadas. Ao todo, em 30.906 domicílios o lixo é jogado em terrenos baldios e outras áreas, correspondendo a 1% das moradias cearenses. Em 10.081 (0,33%), o lixo é enterrado, enquanto 6.337 (0,21%) dão outros destinos aos resíduos.


CENÁRIO NACIONAL

Nacionalmente, o Instituto aponta que a proporção da população atendida por coleta direta ou indireta de lixo aumenta a cada censo. Em 2000, 76,4% da população era atendida por esse serviço, percentual que aumentou para 85,8% no Censo Demográfico de 2010 e chegou a 90,9% 2022.


Porém, há desigualdades entre as regiões do País. Enquanto o Sudeste tem maior percentual de população atendida por coleta de lixo domiciliar (96,9%), o Norte encontra-se no outro extremo, com 78,5%. As regiões Nordeste (82,4%), Centro-Oeste (93,1%) e Sul (95,3%) está em situações “intermediárias”.


Ao se observar o percentual de domicílios sem coleta de lixo doméstico, o Ceará aparece em 11ª posição entre as 27 unidades federativas e na 5ª colocação entre os estados do Nordeste. Nos resultados do Censo Demográfico 2010, o Ceará ocupava a 6ª posição nacional e o 3º lugar no Nordeste. Com isso, houve aumento da parcela dos domicílios cobertos com a coleta de lixo.


O estado com maior proporção de coleta direta ou indireta de lixo foi São Paulo (99%), enquanto o Maranhão teve o menor indicador (69,8%). Essas posições também ocorreram em 2010 e a distância entre os estados era ainda mais acentuada. Naquele momento, São Paulo tinha 98,2% da população atendida com coleta de lixo e Maranhão, 53,5%.


O IBGE ainda aponta que, entre os municípios com menos de 5 mil habitantes, apenas 78,9% da população residia em domicílios com coleta de lixo. Nas cidades com mais de 5 mil habitantes, por outro lado, a proporção de coleta de lixo registrada foi de 98,9%.


RETRATO DOS DOMICÍLIOS

A nova publicação do IBGE traz informações relativas às características dos domicílios coletadas no Questionário Básico da pesquisa. Os dados referem-se aos domicílios ocupados — aqueles com morador, uma vez que o questionário não foi aplicado nos domicílios vagos ou de uso ocasional.


Além disso, as informações estão restritas aos domicílios particulares permanentes, que foram construídos a fim de servir exclusivamente para habitação e, na data de referência, tinha a finalidade de servir de moradia a uma ou mais pessoas.


Isso porque, no caso de domicílios particulares improvisados (sem dependências destinadas exclusivamente à moradia) e dos domicílios coletivos com morador (asilos, conventos e pensões, entre outros), as edições anteriores dos censos brasileiros aplicavam o questionário para a coleta de informações relativas aos moradores, mas não às características dos domicílios. Essa prática foi mantida no Censo 2022.


Além de informações sobre o destino do lixo, a publicação também traz dados sobre os tipos de domicílios, existência de ligação à rede geral de distribuição de água e tipo de esgotamento sanitário.


Fonte: Diário do Nordeste

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