sexta-feira, 1 de março de 2024

Primeira Escola Indígena em Tempo Integral do Cariri, em Brejo Santo, é implantada com contribuição da UFCA


O Instituto de Formação de Educadores da Universidade Federal do Cariri (IFE/UFCA) está participando da implantação da primeira escola indígena da região do Cariri, na cidade de Brejo Santo. 


A Escola Indígena em Tempo Integral Isú-Kariri, de acordo com o decreto da prefeitura de Brejo Santo, assinado em 15 de fevereiro de 2024, funcionará no Sítio Baixio dos Bastos, na zona rural da cidade. 


A escola foi inaugurada no dia 19 de fevereiro deste ano, com a presença da comunidade, do Secretário de Educação Básica de Brejo Santo, Francisco Jucelio Santos, e da prefeita da cidade, Gislaine Landim.


A nova instituição de ensino deverá unir os conhecimentos ancestrais e comunitários dos povos originários aos conteúdos tradicionalmente ofertados nas escolas, além de fortalecer a educação multilíngue – com foco nas línguas originárias.


Na implantação, coube ao IFE/UFCA auxiliar na elaboração do projeto pedagógico escolar e na produção de metodologias e de materiais didáticos específicos da etnia Isú-Kariri, além de contribuir para a formação dos professores que irão ministrar aulas na escola.


Segundo o professor do IFE/UFCA William Vilela, a elaboração do projeto pedagógico dessa nova escola tem inspiração nos professores e professoras dos povos indígenas Xucuru e Truká: “Tudo que a gente tem aprendido com eles e com elas; a didática desses professores e professoras, estamos colocando no projeto pedagógico”, disse. 


Ainda conforme William, inicialmente, a escola vai atender estudantes do primeiro ao quinto ano do Ensino Fundamental e da Educação de Jovens e Adultos (EJA). 


Aula Inaugural

A primeira aula da escola foi realizada pelos mestres Cacique Raimundo Isú-Kariri, Tio Peba, e pela Mestra Tia Toinha.  


Os primeiros professores do corpo docente da Escola Indígena também já ministraram suas primeiras aulas, com destaque para o ensino da Língua Dzunbukuá-Kipeá – língua ancestral da nação Kariri, que se fortalecerá a partir da escola indígena multilíngue. 


A líder do povo Isú-Kariri e uma das professoras da escola, Simone Mariano, explica que a luta de seu povo se intensificou nos últimos quatro anos, com articulação junto aos movimentos indígenas estadual e nacional.


Ela relembra que, com as obras do Açude Atalho, inaugurado em 1991, o antigo aldeamento dos Isú-Kariri foi separado, resultando na dispersão desse povo indígena pela região onde está a cidade de Brejo Santo. 


Considerando essa questão, para Simone, a criação da escola – que era um sonho e hoje é vista como uma conquista – vai ajudar também a fortalecer a união de seu povo e suas práticas culturais.   


Licenciatura para formação dos docentes da escola Isú-Kariri

Em 2024, pensando maneiras de oferecer a qualificação necessária para os professores da escola indígena recém-criada, o IFE/UFCA submeteu a proposta de uma Licenciatura Intelectual Indígena – a ser ofertada na UFCA – junto ao Programa Parfor Equidade.  


O programa Parfor Equidade, uma ação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), “visa formar professores em licenciaturas específicas para atendimento das redes públicas de educação básica ou das redes comunitárias de formação”.


O resultado final dos cursos aprovados por esse programa está previsto para ser publicado no dia 15 de março.


Além da proposta encaminhada para o Programa Parfor Equidade, o IFE/UFCA também propôs à Universidade a criação da Licenciatura em Pedagogia Intelectual Indígena e Quilombola, no Farol/UFCA. 


Fundamentado em dados acadêmicos da UFCA, o Farol é um instrumento de governança criado pela Pró-Reitoria de Planejamento e Orçamento (Proplan/UFCA). Ele serve para guiar a Universidade nas tomadas de decisões referentes à criação de novos cursos de graduação e à expansão de vagas nos cursos de graduação já existentes.

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