O professor Renato Dantas morreu na noite deste sábado (10 de agosto de 2024), na sua casa, na Rua Odilon Gomes de Alencar (Tiradentes), em Juazeiro. Francisco Renato Souza Dantas tinha 75 anos e se tratava de uma esclerose lateral amiotrófica, doença degenerativa que atinge o sistema nervoso enfraquecendo os músculos. O corpo foi necropsiado no SVO de Barbalha e, a partir do meio-dia, será velado na Sala Ternura do Centro de Velório Anjo da Guarda com sepultamento na manhã desta segunda-feira no Cemitério do Socorro.
Ele nasceu em Juazeiro no dia 23 de março de 1949 e, com a sua morte, a cultura, o magistério, a pesquisa e as artes perderam uma grande referência no município. Ele foi professor no Colégio Salesianos, SESI de Crato e SESC Juazeiro, ator, escritor e historiador. Além disso, ocupou os cargos de coordenador das CREDEs em Juazeiro e Brejo Santo, secretário de cultura de Juazeiro, diretor do Memorial Padre Cicero e membro da comissão organizadora da festa pelo Centenário de Juazeiro.
Renato Dantas era Graduado em Educação Física pela Universidade Federal do Pernambuco (UFPE), atuou no teatro, cinema e um dos seus últimos trabalhos foi à frente do Grupo de Teatro Livremente dirigindo a peça “Comadre Daiana”. Sempre foi um apaixonado por Juazeiro, onde pesquisou bastante sobre religiosidade popular e a história da cidade. Era filho de romeiros, sendo o pai de Alagoas e a mãe da Paraíba os quais foram atraídos ao Juazeiro pela devoção que tinham ao Padre Cícero.
O professor Renato amava todo tipo de arte, mas sua paixão maior foi o teatro aprendendo a conviver com o palco e a plateia, enquanto estudava na Escola Normal Rural de Juazeiro até o seu primeiro espetáculo em 1958. Cursou o ginásio na Escola Técnica de Comércio, onde conheceu o professor e amante do teatro Valter Menezes Barbosa. Vía ensaios e conquistou lugar no palco na peça “A Cigana me Enganou”. Em 1972 atuou no “Morro do Ouro” de um grupo que veio de Fortaleza e não parou mais.
Eis a crônica escrita pelo seu amigo e também professor Renato Casimiro:
“Minha mãe um dia me disse: quando não souber o que dizer, abra o coração! E não há qualquer coisa a fazer senão isto para expressar o grande sofrimento que ainda será, desde já algum tempo, da ausência de Renato Dantas. Conheci-0 na mesma sala de aula do inesquecível Grupo Rural Modelo, sob os cuidados de dona Maura Almeida. Isto foi em março 1956. Foram 67 anos de uma amizade que muito me emocionou pelo privilégio de uma experiência de vida exemplar, de imensa civilidade e de um humanismo irretocável. O que aprendi com Renato Dantas jamais esquecerei através do seu traço forte de dignidade, de honestidade e de presteza para o serviço que cumpria com a perfeição de um grande mestre. Era assim desde aqueles tempos escolares quando subia ao palco do Auditorium e nos encantava pelo exercício de uma interpretação impecável. Aí nasceu em sessões memoráveis a minha grande admiração pelo amigo, já na escolha antecipada para o grande elenco onde pontificaria. Mas não foi isto somente: pelo caminho, felizmente, nossa geração se sentiu confortável pelo seu concurso em muitos outros momentos pela forma prazerosa como se entregava ao que era necessário aos melhores dias deste seu Juazeiro. Mais de perto, foi assim como se houve entre nós para criarmos juntos o IPESC-Urca. Pesquisador nato, deixa conosco, se isso nos conforta, um extenso itinerário da sua providencial imersão nos caminhos da história desta cidade. Professor e mestre de uma dedicação inexcedível, incansável pelo conhecimento e pelo esclarecimento. Morreu muito antes do que poderia ter morrido dentro de si os sinais evidentes da esperança por um mundo melhor, a partir-principalmente, do seu chão amado, terra para a qual sempre destinou o melhor de todas as suas experiências e ansiedades. Perdemos Renato Dantas – aos nossos olhos, um garoto com um olhar firme no seu compromisso cidadão e no serviço comunitário. Nenhum de nós saberá como enfrentar isto que sua ausência agora determina. Já vinha fazendo e vai continuar fazendo falta. Tristes ficamos pela ausência deste amigo incondicional, deste cidadão brioso, honesto e dedicado. Vai fazer muita falta e disto nunca nos consolaremos. Que Deus nos conforte e a sua família, a esta hora amarga de sua partida. Seremos eternamente gratos por sua fidelidade a tudo que enfrentou e se determinou vitorioso. Não tenhamos dúvida: Renato Dantas venceu a própria morte. Só me ocorre este conforto, pois ainda quero me encontrar muito com tudo aquilo que ele sonhou e fez, como alguém que lutava e conseguia competentemente. Que Deus o privilegie com a sua paz, e o receba na eternidade. Em gratidão, cada um de nós agraciados por suas luzes o teremos eternamente vivo em nossas mentes para continuar dignamente a jornada que se interrompe com sua Páscoa. A sua família e a tantos amigos comuns, expresso as minhas condolências neste instante angustiante em que o perdemos”.
Fonte: Agência Miséria
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