segunda-feira, 9 de setembro de 2024

Biana Alencar lança livro infantil sobre fósseis do Cariri na Bienal do Livro de São Paulo


A jornalista cearense Biana Alencar acaba de lançar seu livro "O Tesouro Encantado" no Espaço Cordel e Repente da Bienal Internacional do Livro de São Paulo, que ocorre de 6 a 15 de setembro no Distrito Anhembi. A obra fala sobre fósseis do Cariri e entrelaça as memórias de Biana e sua família na região cearense.


O livro conta as aventuras de Pedro, que descobre um fóssil guardado pela sua avó Ana, e parte em busca da resposta: ele deve revelar o artefato histórico ou deixar o tesouro para Ana, que tem um apego afetivo pelo material?


A jornalista é editora do CETV1, jornal da TV Verdes Mares (afiliada da Globo), e também apresentadora do Nordeste Rural. Com família de Santana do Cariri, ela traz frequentemente pautas sobre a região. Com foco no público infantil, o projeto tem ilustrações de Edusá e é um mergulho nas memórias e interesses da escritora.


A vontade de falar sobre fósseis precisou ultrapassar as telinhas e ganhar um ar de ficção:


"Quando comecei as minhas primeiras reportagens sobre fósseis, me chamou a atenção porque eu já tinha visto vários na minha infância e não fazia ideia do que era aquilo. Já fui em casa de família que usava como tampão de ralo de banheiro, peso de porta. Sempre que colocava uma matéria dessa no ar, minha mãe comentava: quando eu era criança, eu e meu irmão brincávamos de rachar pedras no meio e ver quem achava o animal mais interessante", comentou Biana.


Memória e família

'O Tesouro Encantando' fala também sobre a família de Biana. A avó Ana e o netinho Pedro são inspirados em sua mãe e seu filho - e até ganharam o mesmo nome. Já a 'pegada' jornalística fica por conta dos fósseis mesmo, um tema que tem ganhado espaço com as repatriações recentes de materiais levados de forma irregular para outros países. Para isso, a escritora também fez questão de ter a consultoria de paleontólogos.


"Outra coisa que me inquietava muito era a frustração das crianças e dos adolescentes ao chegar em um museu e não encontrar os dinossauros montados como ossos, encontravam pedras. Tinha esse desejo de, de algum modo, fazer nascer nas crianças e adolescentes esse senso de responsabilidade com aquele material que é retirado do Cariri e vai para outros país. Tive cuidado de colocar na narrativa um fóssil que existe de verdade, que não é glamuroso. Não é um dinossauro o fóssil que o personagem encontra", detalhou.


O livro mostra que o fóssil guardado por Ana tem uma representatividade importante para a ciência. A personagem principal acredita, no entanto, que o fóssil é encantado porque 'os animais ficavam presos na pedra de forma mitológica'. Ela transmite a história para o neto e mostra o artefato. Quando Pedro descobre que é um fóssil, a trama vai se desenrolando.


"Ele descobre que é um fóssil que não foi descrito ainda pela ciência, e descobre que é crime. Então, rola um medo de a avó ser presa, rola a responsabilidade de saber que aquele fóssil não podia estar na mão da avó. Só que para a avó é algo que ela herdou do marido que faleceu e que tem uma relação afetiva muito forte para ela", contou a jornalista.


A história se passa em Santana do Cariri e dialoga também com o Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens, localizado na cidade. O lançamento acontece primeiro na região e depois em outros locais: em Fortaleza acontece no mês de agosto e em setembro na Bienal Internacional do Livro.


Biana começou a escrever a história quando precisou ficar de quarentena ao ser diagnosticada com a Covid-19 em 2020. Ela ficou isolada e achou na escrita uma maneira de encarar o momento difícil. Ao retornar para as atividades, esqueceu dos rascunhos, e só reencontrou com o caderno ao mudar de casa, dois anos depois.


"Foi muito bonito contar essa história. É emocionante. Adultos também vão ler e chorar no final. Por que aquele animal que viveu há milhares de anos tem que significar algo tão importante para a gente? Porque além de falar sobre nossa história, ele vai falar do nosso futuro. Tem uma representatividade gigante para a humanidade, para a ciência. A gente tem que ensinar a valorizar isso", concluiu.


Autor: g1 CE

Nenhum comentário:

Postar um comentário