A bancada do PDT na Câmara dos Deputados se reunirá nesta quarta-feira, 30/10/2024, para discutir, entre outras coisas que o ex-ministro Ciro Gomes seja "convidado a sair" do partido.
A reportagem ouviu dois deputados que defendem abertamente a ideia, enquanto outros preferem não ser identificados e manter a discussão dentro do partido neste momento. Outros preferem sugerir apenas a retirada dele da vice-presidência nacional da legenda.
Parlamentares dizem que Ciro está seguindo um "outro rumo" em comparação à sigla, agiu contra candidaturas pedetistas nas eleições deste ano e pode prejudicar o desempenho em 2026, quando precisará eleger 13 deputados ou ter 2,5% dos votos válidos para atingir a cláusula de barreira e seguir existindo.
O grupo de parlamentares favoráveis à expulsão de Ciro defende, inclusive, que se isso não for tema de concordância entre parlamentares e o diretório, formalizará um requerimento pedindo a análise da exclusão do ex-ministro.
"Eu vou protocolar um pedido de expulsão se isso não avançar de uma forma consensual no partido", afirma o deputado Josenildo (PDT-AP). "Ele está indo para outro rumo. Como ele está desviando a rota, até para o partido retomar esse crescimento, que ele busque um partido que pensa igual a ele."
Na leitura dos descontentes com Ciro, as posições independentes dele prejudicarão a performance do partido em 2026 e afetam a relação com o governo.
Pesa, também, para esses parlamentares, as ações de Ciro nas eleições municipais em Belo Horizonte e em Fortaleza. O ex-ministro disse, em agosto que a deputada federal Duda Salabert (PDT-MG), candidata pela sigla à prefeitura da capital mineira, "não tem preparo" para o cargo. À época, em grupos de WhatsApp, Duda chegou a dizer a aliados que Ciro era um "repelente de votos".
A maior preocupação, porém, foram para os gestos de Ciro na capital cearense. Na avaliação de deputados da sigla, Ciro fez um "apoio velado" ao deputado federal bolsonarista André Fernandes, que disputava o segundo turno na cidade contra o deputado estadual Evandro Leitão (PT).
O PDT cearense orientou pela neutralidade no segundo turno em Fortaleza, liberando seus quadros a apoiarem qualquer um dos dois postulantes à prefeitura.
Com isso, o ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio declarou apoio a Fernandes, participou de atos de campanha - dois dos irmãos , inclusive, doaram R$ 500 mil para a candidatura do bolsonarista e seis dos oito vereadores eleitos pelo PDT apoiaram Fernandes.
A Juventude do PDT criticou essa decisão em nota pública. Ciro comentou na publicação pedindo "mais respeito" e afirmando que, caso contrário, ia dizer "mais algumas coisas" que o partido "está precisando ouvir". O ex-presidenciável terminou o comentário afirmando que "não é nem nunca será um puxadinho do PT".
Fonte: Agência Estado
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