sexta-feira, 15 de novembro de 2024

M. Dias Branco demite 850 funcionários em esforço para reduzir despesas

M. Dias Branco é conhecida também pela Fábrica Fortaleza. Crédito: Samuel Setubal

A M. Dias Branco, indústria cearense de produtos alimentícios, demitiu 850 funcionários próprios e terceirizados em todo o Brasil, em meio a esforços para reduzir despesas e com queda de 51,9% no lucro líquido do terceiro trimestre, cujo analistas viram como um período "para esquecer".


Em nota, a empresa informou que o movimento de contratações e desligamentos faz parte da dinâmica do mercado.


"A companhia está sempre buscando formas de melhorar sua eficiência operacional e logística para aproveitar ao máximo sua capacidade produtiva. Os desligamentos ocorreram ao longo dos últimos meses e foram distribuídos em unidades de todo o País", detalhou.


Por volta das 15h11min desta quarta-feira, 13, as ações ordinárias da indústria cearense (MDIA3) acumulavam perdas de 26,01% no decorrer dos últimos 12 meses, a R$ 23,75, na bolsa de valores Brasil, Bolsa, Balcão (B3).


A M. Dias Branco delimitou estratégias para recuperar os resultados e adequar sua estrutura à realidade do mercado, com uma revisão na política de preços, otimização da estrutura organizacional, fortalecimento das exportações e a própria redução de despesas.


Além disso, a consolidação do time comercial em uma única diretoria nacional foi citada, bem como a criação de um time focado integralmente em “food service” (serviços de comida, na tradução do inglês) e ajustes na malha logística, de produção e de distribuição.


O lucro líquido da companhia foi de R$ 259 milhões no terceiro trimestre de 2023 para R$ 124,7 milhões em igual período de 2024. Em conversa com investidores na segunda-feira, 11, os diretores da companhia citam “resultados aquém do potencial.”


“Enfrentamos um cenário competitivo intenso, varejistas reduzindo os níveis dos estoques, volatilidade das commodities e desvalorização do real. Adicionalmente, nos últimos meses, não chegamos a uma formação adequada de preço, volume e margens”, expuseram.


O analista Gustavo Troyano, do Itaú BBA, destacou como “um trimestre para esquecer”, desapontando até os investidores mais pessimistas e devendo gerar uma reação negativa do mercado, atrelada, ainda, ao menor detalhamento das dinâmicas de receita no balanço.


Já os analistas financeiros do BTG Pactual, Thiago Duarte e Guilherme Guttilla, citam uma perda acentuada de volume pela primeira vez na história da empresa. Isso porque a M. Dias adotou uma estratégia de precificação, enquanto os seus concorrentes não.


A empresa alterou sua abordagem comercial centrada em volume para preço. “Então, começou a perder participação de mercado em certos segmentos e teve dificuldades para manter o poder de precificação (e as margens) nos níveis anteriores”, explicou o BTG.


De acordo com o diretor de novos negócios e de relações com investidores da empresa, Fabio Cefaly, houve pouca margem para precificação durante os três meses analisados, além de uma certa corrosão da renda dos consumidores devido à inflação.


“Após uma recuperação de margem bem recebida no ano passado, quando os custos das matérias-primas começaram a cair, o 3º trimestre de 2024 marcou uma queda repentina e inesperada tanto nas margens quanto nos volumes”, acrescentou o BTG.


O vice-presidente de investimentos e controladoria da M. Dias Branco, Gustavo Theodozio, destacou que a companhia tem tentado repassar preços em função do aumento dos custos das mercadorias, mas as pessoas estão mais sensíveis à precificação, em um mercado “difícil”.


O BTG acredita que o balanço reforçou que a M. Dias opera em um setor maduro com poder de precificação. Há visão cautelosa para as ações, em decorrência da perspectiva menos favorável, com “visibilidade limitada das novas iniciativas da empresa.”


O Itaú BBA disse apoiar as iniciativas de reorganização das operações e políticas da M. Dias Branco. Entretanto, embora vejam como positivas, afirmaram que as propostas levarão tempo para se concretizarem e refletirem em mudanças práticas no balanço.


Fonte: O Povo

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