terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

Mulher do município de Jucás é internada com raiva humana; caso é 7º em 17 anos


Uma moradora de Jucás, na região Centro-Sul do Ceará, foi diagnosticada há uma semana com raiva humana, cerca de dois meses após ser mordida por um sagui - ou "soim", como popularmente é conhecido. Em 17 anos, é o quinto caso que se tem registro da doença transmitida por este animal no Estado.


De acordo com a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), a paciente tem 58 anos de idade e foi diagnosticada no Hospital São José (HSJ), referência em infectologia. Ela, primeiro, buscou atendimento no hospital municipal da cidade onde mora, no dia 27 de janeiro, com náuseas, dificuldade de engolir e de falar e hidrofobia (aversão à água).


Devido aos sintomas, que são característicos da raiva humana, a mulher foi encaminhada no dia seguinte ao HSJ, e segue internada. A reportagem procurou a Sesa para saber o estado clínico atual da paciente, mas pasta respondeu que não pode informar o relatório de saúde dela.


Raiva humana no Ceará

Veja o histórico de casos de raiva humana registrados no Estado

2008: 1 caso em Camocim (sagui)

2010: 2 casos, sendo 1 em Chaval (cão) e 1 em Ipu (sagui)

2012: 1 caso em Jati (sagui)

2016: 1 caso em Iracema (morcego)

2023: 1 caso em Cariús (sagui)

2025: 1 caso em Jucás (sagui)


Fonte: Boletim epidemiológico de 2024, Sesa.


Sesa reforça orientações sobre contatos com animais silvestres

A orientação do Governo é de que a população mantenha distância desses animais, que, pela origem silvestre, não podem ser vacinados.


"As pessoas devem evitar manter contato, seja alimentando ou acariciando. Caso note algum deles com comportamento estranho e fora do bando, a Sesa ou o Setor de Controle de Zoonoses deve ser comunicada para realizar a contenção correta", explica o médico epidemiologista e coordenador da Célula de Vigilância e Prevenção de Doenças Transmissíveis e Não Transmissíveis (Cevep), Carlos Garcia. O mesmo é orientado em relação a raposas e morcegos, por exemplo.


O caso da moradora de Jucás deixou o Estado em alerta, uma vez que, de 2008 até o ano passado, foram registrados apenas seis casos de raiva humana no Ceará, distribuídos nos municípios de Camocim, Chaval, Ipu, Jati, Iracema e Cariús. Este, de Jucás, é o sétimo, e foi o quinto transmitido especificamente por sagui, um primata de pequeno porte normalmente encontrado, também, nos estados de Alagoas, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte.


A raiva é transmitida a humanos pela saliva de animais domésticos ou silvestres infectados. A transmissão pode ocorrer após mordidas, arranhões ou lambidas de cães, gatos, saguis, raposas e morcegos, por exemplo. A doença é considerada de alta letalidade.


Nesse contexto, a articuladora do Grupo Técnico de Zoonoses da Sesa, Kellyn Cavalcante, informou que foi feito um inquérito epidemiológico e uma busca ativa de animais silvestres em Jucás. Além disso, a equipe governamental intensificou ações de educação em saúde para profissionais da assistência e agentes de combate às endemias.


"Estivemos presencialmente e também realizamos uma webconferência sobre as profilaxias pré e pós-exposição. Estamos trabalhando de forma integrada com a imunização e o controle animal", afirmou a gestora.


Vacinação

A vacinação e o soro antirrábico são a principal forma de prevenir a raiva para seres humanos. "A prevenção é a melhor forma de evitar a morte pela raiva. Existe a vacinação pré-exposição para quem mantém contato frequente com animais, como veterinários, e a pós-exposição para quem sofreu algum acidente", diferencia a diretora técnica e infectologista do HSJ, Ruth Araújo.


Segundo a Sesa, no ano passado, o Estado bateu a meta de vacinar 2,5 milhões de animais contra a doença, sendo 1,5 milhão de cães e mais de 900 mil gatos.


Como agir após contato com animal transmissor da raiva?

Caso alguém seja mordido por algum animal, o recomendado é lavar o ferimento com água e sabão e imediatamente procurar atendimento no posto de saúde. O médico é quem indicará a conduta adequada, considerando a gravidade da lesão e o animal que ocasionou o acidente.


A vacina antirrábica é administrada em quatro doses ao longo de duas semanas — no primeiro, no terceiro, no sétimo e no 14º dia após o contato com o animal. Já o soro antirrábico é aplicado em dose única no local da ferida. "Caso o animal agressor seja de rua ou silvestre, existe a necessidade do soro antirrábico, assim como em casos de acidentes graves com animais domésticos, como mordidas nas extremidades ou no rosto", afirma Ruth Araújo, do HSJ.


Fonte: Diário do Nordeste

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