Foto: Sara Andrade / Divulgação |
“O Nordeste é coisa de cinema”. É com essa afirmação de valorização da produção audiovisual nordestina que o Festival Tela Cariri teve edição inaugural neste dia 19 de março de 2025.
Realizado de forma itinerante nos municípios de Juazeiro do Norte, Brejo Santo, Campos Sales e Crato, o evento traz mostras competitivas e não competitivas, homenagens, rodada de negócios e oficinas com recorte acentuado ligado às produções e pessoas produtoras da região.
Diretora artística do evento, Valéria Pinheiro contextualiza que o projeto do festival, nascido a partir de parceria entre a Associação de Brincantes da Cia Vatá, representada por ela, e a produtora audiovisual e cultural Incartaz, comandada por Marcelo Paes de Carvalho, data ainda de 2017.
Na época, ambos buscavam efetivar ações na região do Cariri. Uma das primeiras experiências do tipo foi a Escola Pública de Audiovisual do Cariri, em Juazeiro do Norte, hoje na segunda turma. A partir de iniciativas como essa, os dois se debruçaram a pensar uma ação que potencializasse e ampliasse o que estava sendo feito até ali.
Perguntas passaram a nortear a intenção: “Como pensar cinema na região do Cariri (29 municípios) onde sequer uma sala de cinema pública temos? Como ampliarmos a formação e fruição desse cinema pra além do Crato e Juazeiro? Como levar o cinema que acreditamos (humano acima de tudo) pra essa região?”, lembra Valéria.
Foi quando Marcelo, diretor do festival, efetivou parcerias no território do Cariri e, ampliando o escopo, também de todo o Nordeste. “O festival é um misto de formação e fruição, muitas rodas de conversas ampliando cada vez mais a criticidade sobre a pauta audiovisual caririense, nordestina”, define a diretora artística.
Nas mostras competitivas de longas e curtas, o festival tem oito obras do Ceará selecionadas:
-Documentário “Saravá, Meu Avô”, de Eusélio Gadelha Oliveira e Gabriela Alencar Oliveira, na mostra de longas
-Curta “Na Peleja Brasileira”, de Victor Furtado
-Curta “Tem Dia que de Noite é Foda”, de Hander Paiva
-Curta “Os Finais de Domingos”, de Olavo Junior
-Curta “Fala Mestre | Inventário da Tradição”, de Augusto Pessoa
-Curta “Almadia”, de Mariana Medina
-Curta “Vagalumes em potes de vidro”, de Ailton Jesus
-“A Costureira”, de Ailton Jesus
Como destaca Valéria, o Tela Cariri recebeu mais de 400 inscrições de filmes. A direção da equipe de curadoria ficou a cargo da cineasta Janaina Diniz. Há, ainda, a Mostra Chapada do Araripe, de caráter não competitivo, onde mais nove filmes cearenses foram selecionados.
Além das exibições, a diretora artística destaca, ainda, os momentos de homenagens e também formativos. Entre os nomes homenageados, estão os diretores Rosemberg Cariry e Jefferson Albuquerque, o professor e cineclubista Edmilson Martins, o produtor Luiz Carlos Barreto e a atriz Marcélia Cartaxo.
“Com relação às oficinas, palestras e rodas de conversas, estamos apostando muitas cartas na oficina ‘Além do Padre Cícero’”, destaca Valéria. Ministrada por Elianne Caffé, Carla Caffé e Laura Capriglione, a iniciativa gratuita reunirá 30 estudantes em uma prática de gravação da Romaria de Aniversário de Padre Cícero, que ocorre em março.
O material será editado durante o próprio festival e o resultado será exibido também no evento, no dia 28. As inscrições podem ser feitas em formulário on-line.
Potencializar a produção do interior
Outro diferencial do festival é a rodada de negócios “Nordeste é Coisa de Cinema”, na qual produtoras nordestinas já inscritas irão ter a oportunidade de apresentar projetos para empresas e canais ligadas à produção e distribuição de conteúdo audiovisual.
“Entendemos o Cariri e o interior do Estado como área potente pro audiovisual. Por que não trazer esses players pra conhecer aqui no Cariri a potência dos fazedores e produtores do interior?”, aponta Valéria. Entre eles, estão a plataforma Globoplay, a distribuidora Embaúba Filmes e a produtora L.C. Barreto, entre outros.
“Diferentes fazedores de cinema de todo o Nordeste terão a oportunidade de apresentar seus projetos e sonhar com grandes parcerias”, antevê a diretora artística. Estão previstas para o período do evento mais de 200 reuniões entre players e produtores audiovisuais nordestinos.
Dos negócios à fruição de obras, passando pela formação de público e pelas produções, o Tela Cariri reafirma o lugar de destaque da “potência em audiovisual” do Nordeste, que ,“a partir de investimentos diretos no audiovisual, pôde subir ao pódio de espaços notórios”, aponta Valéria.
“Mas não é tão fácil quando nos viramos pro interior, onde mesmo com tanta potência ainda nos faltam políticas públicas específicas”, contrapõe. “Entendemos estarmos prontos pra ampliarmos o olhar dos ‘grandes’ pro que se faz no interior do Nordeste, nesses pequenos municípios, em nossa região do Cariri”, avança.
Tela Cariri – O Nordeste É Coisa de Cinema
Quando: de 19 a 30 de março
Onde: Juazeiro do Norte (Horto e João Cabral), Brejo Santo (Zona Rural), Campos Sales (Praça pública) e Crato (Centro Cultura do Cariri)
Gratuito.
Mais informações e programação: no site ou no Instagram @telacariri
Fonte: Diário do Nordeste
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