sábado, 19 de abril de 2025

Com 310 casos no Ceará em 2025, eventos climáticos influenciam surto de Febre Oropouche

O número de casos da doença no Ceará neste ano já ultrapassou a do ano de 2024-Foto: Bruna Lais Sena do Nascimento/Laboratório de Entomologia Médica/SEARB/IEC

Conforme um estudo publicado na revista científica The Lancet, que analisou dados de seis países da América Latina, incluindo o Brasil, os eventos climáticos são os principais responsáveis pelo aumento de casos de Febre Oropouche. No Ceará, foram registrados pelo menos 310 casos em 2025, como mostram dados da Secretaria de Saúde do Estado (Sesa), atualizados no dia 5 de abril. O número deste ano já ultrapassou o do ano de 2024, quando 255 pessoas foram diagnosticadas com a doença. Os dados ainda indicam que os casos se concentram em Baturité, com 224 pacientes, o que representa 72% dos infectados. Os demais que contraíram a doença no Estado estão em Aratuba, com 81 casos, além de Fortaleza, Maracanaú, Capistrano, Mulungu e Quixadá, onde houve o registro de um caso em cada município.


Os pesquisadores apontam que existe o risco de a infecção evoluir de forma dinâmica nas próximas décadas, com potencial para surtos em grande escala. No Brasil, a Febre Oropouche foi considerada endêmica da Região Amazônica, com casos isolados em outras regiões do país. Desde 2023, quando houve 833 infecções confirmadas, os diagnósticos da doença vêm crescendo. No ano seguinte, houve um salto para 13.721 casos da doença, com pelo menos quatro mortes. Atualmente, existe o registro de 7.756 infectados e uma morte em investigação, como indicou o Ministério da Saúde.


O QUE DIZ A PESQUISA


O estudo indicou que diversos casos da infecção podem ter sido subdiagnosticados, já que os sintomas da Febre Oropouche se assemelham aos da dengue, o que pode ter levado ao diagnóstico equivocado. Dessa maneira, os números registrados podem ser ainda maiores. Com mais de 9,4 mil amostras de sangue colhidas em 2021 e 2022, foi identificada a taxa média de detecção de anticorpos IgG de 6,3%, passando de 10% em regiões da Amazônia. Amostras positivas foram encontradas em indivíduos de 57% das localidades selecionadas.


A pesquisa ainda considera as variações climáticas, incluindo as mudanças de padrão da temperatura e da chuva, como os principais motivadores para a disseminação da Oropouche, contribuindo com 60% dos casos. Os estudiosos apontam o El Niño, o aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico, como uma das influências para o início do surto da doença em 2023. Conforme o estudo, o risco de aumento da transmissão da doença é maior nas regiões costeiras do Brasil, principalmente no trecho entre o Espírito Santo e o Rio Grande do Norte, além da faixa que vai de Minas Gerais ao Mato Grosso, assim como também em toda a região amazônica.


FEBRE OROPOUCHE


A Febre Oropouche é uma doença viral transmitida pelo Culicoides paraensis, conhecido como maruim, polvinha ou mosquito-pólvora. Considerada uma arbovirose, assim como a dengue e a chikungunya, a doença é diagnosticada por meio de exame laboratorial. Os principais sintomas são febre, dor de cabeça, vômito e dores musculares. Em casos mais extremos, o paciente pode apresentar tontura, dor atrás dos olhos, calafrios, fotofobia (intolerância à luz), dor na lombar e náuseas. Outra questão relacionada à doença é a transmissão do vírus de uma gestante para o feto, podendo ocasionar malformações, anomalias congênitas e abortamento.


A zona rural é considerada a área de maior risco de contaminação, devido às áreas baixas de encostas com água corrente utilizada para a agricultura, à presença de plantações que geram sombreamento e ao acúmulo de matéria orgânica. As plantações de banana e chuchu, junto à vegetação natural e às residências de alvenaria construídas a menos de 5 metros das áreas de cultivo, também apresentam risco de existir a presença dos mosquitos transmissores da doença.


A Secretaria de Saúde do Estado (Sesa) recomenda medidas de prevenção e controle da doença. As orientações buscam minimizar a exposição à picada dos insetos:


Utilize roupas compridas e sapatos fechados;


Aplique repelente nas áreas do corpo expostas, principalmente se você estiver gestante;


Instale mosquiteiros e telas em portas e janelas (com fibras de tamanho inferior a 2 mm);


Faça a limpeza do terreno próximo à sua casa, recolha folhas e frutos que caem no solo, higienize comedouros de animais e evite acumular lixo.


Fonte: Opinião CE

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