Criação do Refúgio de Vida Silvestre Soldadinho-do-Araripe está em processo de consulta pública

Foto: Lindolfo Souto

O Instituto Chico Mendes realizará no dia 7 de maio de 2025, no Ceará, uma consulta pública para debater a criação do Refúgio de Vida Silvestre Soldadinho-do-Araripe, unidade de conservação voltada à proteção de uma das aves mais ameaçadas do Brasil. A reunião acontece às 9h, no Centro Cultural do Cariri Sérvulo Esmeraldo, em Crato.

A proposta visa proteger áreas estratégicas da Chapada do Araripe, incluindo escarpas e florestas úmidas associadas a nascentes, ecossistemas importantes para a sobrevivência do soldadinho-do-araripe (Antilophia bokermanni), ave endêmica da região e classificada como criticamente em perigo de extinção.

Descoberta em 1998, a espécie enfrenta um rápido declínio populacional e uma significativa perda de habitat. Entre 2006 e 2020, cerca de 7 km² de áreas de ocorrência do soldadinho foram degradadas, principalmente devido à supressão da vegetação nativa e ao desvio de recursos hídricos. A degradação dessas áreas compromete a reprodução e a alimentação da espécie, agravando sua vulnerabilidade.

A criação da unidade de conservação é recomendada pelo Plano de Ação Nacional (PAN) para a conservação do soldadinho-do-araripe, que propõe medidas de proteção integral para frear a perda do habitat. Estudos técnicos e socioambientais realizados pelo ICMBio identificaram uma área prioritária de 4.874,84 hectares, abrangendo trechos dos municípios de Barbalha, Crato e Missão Velha. A área inclui terrenos particulares, áreas da União e outras unidades de conservação já existentes.

Além da perda de habitat, outras ameaças à espécie incluem a alteração da cadeia alimentar, infestação por parasitas, manejo florestal inadequado e o uso desordenado da água. O crescimento excessivo da palmeira babaçu, por exemplo, tem impactado negativamente o ambiente de nidificação da ave. Já a desintegração florestal tem favorecido parasitas que atacam os filhotes, situação que demanda mais estudos.

A consulta pública será um momento para que a sociedade civil, moradores locais e entidades possam apresentar sugestões e preocupações sobre a proposta. O objetivo é construir, de forma participativa, um projeto que equilibre conservação ambiental e uso sustentável dos recursos naturais, beneficiando tanto a biodiversidade local quanto a comunidade que vive nas proximidades.

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