domingo, 27 de abril de 2025

Orós, segundo maior açude do Ceará, volta a sangrar após 14 anos

Foto: Ismael Soares


A expectativa que vinha sendo alimentada há alguns meses, no interior do Ceará, quando o volume do Orós - segundo maior reservatório do Estado - começou a subir de forma mais acelerada, se concretizou: o açude sangrou, na noite deste sábado (26), após 14 anos. A informação foi registrada pela Prefeitura de Orós nas redes sociais. 


O fato, que gera alegria e celebração, guarda ainda uma coincidência: a data em que uma das principais “caixa d’água do Estado” atingiu a capacidade máxima é quase a mesma de 2011, quando ocorreu a sangria no dia 27 de abril. 


No açude, conforme imagem das redes sociais, inúmeras pessoas estavam à noite aguardando o reservatório verter. A Prefeitura, no final da tarde deste sábado (26), fez um evento especial com programação musical, feira gastronômica e artesanato às margens do Orós na espera pela sangria.


Desde o início da quadra chuvosa, em fevereiro, havia esperança de que o reservatório, localizado no Centro-Sul do Estado, a 450 km de Fortaleza, iria verter. Isso porque, já em 2024, o Orós, que tem o mesmo nome da cidade na qual está localizado, teve boa recarga e encerrou o ano com 58,72% do volume, conforme dados do Portal Hidrológico da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh). 


Na quadra chuvosa de 2025, o reservatório passou a receber importantes recargas, sendo diversas vezes o açude com registro de maior aporte a cada dia.


O aumento do volume do reservatório e a possibilidade sangria do mesmo, há inúmeras semanas, tem movimentado a região e aumentando a atração de visitantes ao local. Na área, o público que agrega moradores locais e pessoas de outras cidades, pode ver o gigante espelho d’água cheio de novo. 


O Orós tem capacidade de armazenar 1,9 bilhão de metros cúbicos (m³) de água. Até 2002, ele foi o maior reservatório do Estado, perdendo o posto com a construção do Castanhão, que tem capacidade de acumular 6,7 bilhões m³ de água. Agora, com a sangria que alimenta o Rio Jaguaribe, esse acréscimo de água ajuda também a recarregar o maior reservatório do Estado.


Histórico do volume

No histórico recente do Orós, após ter vertido em 2011, o reservatório passou a ter o volume reduzido de forma gradual ano a ano. No ciclo de seca que afetou o estado entre 2012 e 2018 (e em alguns lugares até 2020), o Orós chegou a ficar, em 2020, com apenas 4,73% do volume. Depois disso, teve início um ciclo de recuperação.


O volume do Orós é medido tanto pelo Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs), que administra o açude, quanto pela Cogerh. A forma de monitorar a sangria tem distinção de um órgão para o outro. 


Plano de uso do Orós

O Açude do Orós integra a Bacia do Alto Jaguaribe e tem múltiplos usos, dentre eles, a perenização do Rio Jaguaribe, a irrigação do Médio e Baixo Jaguaribe e a piscicultura. 


Em março, quando houve a reunião de avaliação da Operação de 2024, o Comitê de Bacia indicou que o Orós terminou a operação de 2024 com saldo positivo, pois foi operada uma vazão de 4.442 litros por segundo, enquanto o alocado havia sido de 4.500 litros por segundo.


Nesse mesmo encontro, representantes da Cogerh junto com integrantes dos Comitês de Bacias do Vale do Jaguaribe e Banabuiú (que agrupa instituições públicas, sociedade civil e usuários da água) definiram como as águas do Orós serão usadas. A vazão média definida foi de 1,5 m³/s.


Fonte: Diário do Nordeste

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